O Banco do Brasil começou a corrigir excessos no processo de redução das taxas de juros iniciado em abril do ano passado. Levantamento feito pelo Valor, com base em dados do Banco Central, mostra que o BB elevou em mais de 10% as taxas de juros cobradas nos empréstimos para pessoas jurídicas no segundo trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior.
O banco iniciou o movimento de corte de juros depois de um apelo nesse sentido feito pela presidente Dilma Rousseff, no início de 2012. De abril até o quarto trimestre, a queda média foi de 26% nas taxas de empréstimos para empresas, considerando-se as seis linhas de crédito avaliadas pelo levantamento.
Enquanto o Banco do Brasil corrige os excessos nos cortes nos juros para empresas, outro movimento relevante observado em levantamento feito pelo Valor com base em dados do Banco Central foi o corte das taxas média efetivas praticadas pelo Bradesco nas linhas de crédito consignado.
O juro cobrado dos servidores públicos caiu de 1,85% para 1,66% entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, uma redução de 10%, que coloca a taxa do banco como a segunda mais competitiva entre as instituições de grande porte. Nos empréstimos para os aposentados do INSS, o corte foi ainda maior, de 15%, saindo de 2,34% para 1,97% mensais.
Oficialmente, o banco informou, em nota, que não mudou as taxas mínimas e máximas praticadas nas linhas. Mas disse que “a taxa pode sofrer pequenas alterações conforme o perfil diário das contratações das operações”.
O que ficou claro com a divulgação do balanço da instituição na segunda-feira é que a taxa menor tem ajudado a garantir volume. O saldo de crédito consignado do Bradesco cresceu 8,1% entre março e junho, para R$ 24,26 bilhões, só ficando atrás da alta de 8,5% observada no financiamento imobiliário. No total, a carteira de pessoas físicas cresceu apenas 3,6%.
Em teleconferência ontem com analistas, o Bradesco disse que aposta na manutenção de um cenário bastante competitivo para o mercado de crédito este ano, o que deve evitar a elevação do spread, que se manteve em 7,2% no banco de janeiro a junho, e pode levar até a uma queda para 7%. “Esperamos mais competição neste ano, com os bancos privados prevendo crescer mais”, disse Luiz Carlos Angelotti, diretor de relações com investidores do banco. Questionado sobre os bancos públicos, contudo, Angelotti considera que a concorrência está mais “saudável” em 2013 do que no ano passado – o que corrobora os dados do levantamento sobre o ajuste feito pelo BB.
Apesar da recente piora de cenário, Itaú, Bradesco e Santander ainda devem mostrar um avanço de crédito maior do que o de 2012. O ponto médio da previsão do Bradesco, de 13%, supera a expansão de 11,5% alcançada no ano passado. O intervalo de 11% a 14% do Itaú é maior que os 7,4% de 2012 e a meta de 10% do Santander supera o índice de 8,3% do ano anterior. (Colaborou Carolina Mandl)
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