A alta das taxas de juros tem empurrado as empresas para captações de curto prazo para financiar as suas operações. Num ambiente mais incerto, o número de emissões de notas promissórias entre janeiro e julho deste ano subiu em relação ao mesmo período de 2012, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Nesse intervalo, foram registradas 88 emissões de notas promissórias, 25,7% mais que há 12 meses. O volume captado, entretanto, foi menor: R$ 10,351 bilhões ante R$ 14,226 bilhões observados nos sete primeiros meses de 2012. Somando-se os demais instrumentos, as captações domésticas em renda fixa chegaram a R$ 53,508 bilhões.
Ao incluir-se as emissões de ações (R$ 18,757 bilhões), as captações domésticas totais somaram R$ 72,265 bilhões, um pouco menos que o volume de janeiro a julho de 2012 (R$ 74,367 bilhões).
Segundo Carolina Lacerda, diretora da Anbima, o aumento nas captações via notas promissórias tem relação direta com a elevação da taxa de juros. “As empresas captam mais no curto prazo, mesmo pagando mais caro, na expectativa de que esse é um cenário passageiro e que vão conseguir captar mais barato à frente. Elas não querem estar alocadas no longo prazo com essa taxa alta”, disse.
Carolina afirmou que o maior uso desse instrumento de financiamento nos últimos meses, contudo, não é uma tendência de longo prazo. “As empresas já estão projetando um cenário melhor”, afirmou. Segundo ela, o mercado de renda variável deve registrar mais ofertas a partir de setembro, quando terminam as férias de verão do hemisfério norte, que costumam congelar a atividade.
“A fila de operações (“pipeline”) do mercado de renda variável está grande”, disse a diretora. “Várias ofertas de ações foram postergadas por conta da alta volatilidade. Agora os bancos estão preparando as empresas para que estejam prontas para emitir em setembro”, afirmou.
Ainda assim, a diretora afirma que o mercado hoje está mais seletivo. “Não é mais como em 2007. As companhias que estão acessando agora têm um histórico consolidado. São empresas que conseguem ofertar ações em qualquer mercado”, disse ela.
Segundo a Anbima, o volume de ofertas de ações entre janeiro e julho foi de R$ 18,757 bilhões, 80,6% mais que no mesmo período de 2012 e também acima do volume de todo o ano passado (R$ 14,3 bilhões). O número, contudo, é “distorcido” pela gigante oferta pública inicial (IPO, em inglês) da BB Seguridade, que movimentou R$ 11,475 bilhões em maio. Em julho houve apenas uma operação, da CPFL Renováveis, que abriu so capital e levantou R$ 1 bilhão.
No mercado externo houve só uma emissão em julho, a do Banco do Brasil, de € 700 milhões em bônus de cinco anos. No acumulado do ano, as captações externas somam US$ 26,089 bilhões, queda de 17% em relação ao mesmo período de 2012. O volume vem todo da renda fixa, já que a Anbima só considera nessa conta operações que incluam ofertas de recibos de ações no exterior (ADR ou GDR).
Fonte: Valor Econômico
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